Sobre Mim...

Para quem tiver curiosidade e paciência para ler!

 

De uma crise de insatisfação...​

 

Meu pai atuava em uma grande multinacional e cresci com esse exemplo em casa. Quando chegou o meu momento de escolher a profissão, estava na dúvida entre Medicina (uma forma de ajudar o outro, mas tinha que estudar muito), Agronomia (pelo contato com a natureza) ou Publicidade e Propaganda (falavam que eu era criativa e ganhava bem $). Áreas bem similares... :) Escolhi Publicidade e Propaganda!

 

Depois da decisão, queria estudar na universidade mais conceituada nessa área. Coloquei como meta, estudei e consegui. Dentro da faculdade, minha nova meta era atuar numa grande empresa e, se possível, numa multinacional. Fui trilhando o meu caminho, a minha carreira, na área de marketing dentro de grandes organizações. Mas, ai, meu olho deixou de brilhar. E quando ele deixa de brilhar, não rola. Eu até tento, mas minha alma fica sufocada. Deixou de brilhar por alguns motivos:

- a área de marketing tinha como objetivo estimular o consumo e, para mim, isso não fazia mais sentido. Não queria chegar aos 60 anos, olhar para trás e ver que o meu trabalho havia "contribuido" para isso. Não era uma "causa" que queria desenvolver.

- observava a vida de alguns executivos, com suas agendas lotadas, reuniões sem sentido, dificuldade em conciliar vida pessoal e profissional, necessidade de usar algumas "máscaras" para atuar no "teatro corporativo"...E muitas vezes, uma vida vivida no "piloto automático". Definitivamente, não queria aquilo para mim!

 

Como uma boa geminiana, sempre fui inquieta e me dedicava a vários projetos ao mesmo tempo. Quando um me dá tédio, passo para o outro e assim recupero energias para voltar ao inicial. E nesse cenário de insatisfação, a vontade de exercitar o empreendedorismo ficou mais forte. E acredito que quando nos comprometemos com algo, o Universo nos ajuda. 

 

Assim, com 24 anos, larguei meu emprego numa multinacional, com um bom salário, plano de saúde, bônus e todos os beneficios para ser sócia de uma consultoria de pesquisa e marketing (Oficina da Estratégia), a qual sou sócia até hoje. E serei eternamente grata a Eveline Jannarelli por dividir seu sonho comigo. Lembro que quando fiz a troca, o meu salário foi para metade. Contudo, sabia que estaria envolvida com algo que faria sentido. E o mais importante, conseguiria viver o meu valor mais importante: a liberdade.

 

E com a liberdade, passei a me dedicar a "coisas" que realmente faziam sentido. Comecei a meditar e valorizar o silêncio e a pausa. Passei a me dedicar a minha biografia interna (ser).  

 

Nesse contexto fui fazer mestrado em psicologia social e resolvi estudar a relação entre trabalho, felicidade e sentido para a Geração Y. Queria entender porque tantas pessoas reclamavam de seus trabalhos e ao mesmo tempo compreender esse desejo dos jovens de trabalhar com aquilo que proporciona prazer, sentido e felidade. E foi uma delicia conduzir esse projeto. Me apaixonei pela psicologia e pelo entendimento do ser humano.

 

Contudo, ainda faltava algo.

 

Passei por uma busca de sentido...​

 

A consultoria me trouxe a liberdade que tanto valorizava, contudo ainda não me preenchia. Fazer pesquisas para saber se a embalagem A ou B atrai mais o consumidor está longe de ser o meu projeto de vida.

 

Então, passei a me perguntar: O que faz sentido? O que eu quero da vida? O que a vida quer de mim?

 

E descobri que o que fazia sentido era me dedicar a projetos que contribuissem para tranformações positivas no individuo e na sociedade. Queria me dedicar a algo que realmente apoiasse o desenvolvimento humano.  Sabe aquela coisa de colocar meus talentos e habilidades a favor das necessidades do mundo. Era isso!

 

Criei uma visão de futuro...

 

Ok! Descobri o que fazia sentido. Mas, e agora? Como colocar isso no mundo? Então, criei uma visão de futuro e comecei a agir no presente.

 

Na consultoria, criamos o movimento "Por um trabalho com Sentido", que tem como objetivo desenvolver uma relação plena de sentido entre os individuos e as organizações. E assim, construimos soluções de Pesquisa sobre o Sentido do Trabalho, Palestras de Sensibilização, Coaching para trainees e high-potentials e Grupos de Aprendizagem. Além disso, aproveitamos o nosso expertise em planejamento estratégico e pesquisa para criarmos soluções especificas para o terceiro setor e assim apoiar institutos e fundações em seus projetos sociais.

 

O contato com a psicologia me fez até pensar em uma segunda graduação nessa área. Porém, resolvi aliar a minha vivência no mundo corporativo com vontade de apoiar o indivíduo. E nisso surgiu a vontade de atuar como coach. Quando li que o papel do coach era apoiar os individuos a se desenvolverem no sentido do melhor que cada um poderia ser e apoiar escolhas conscientes, pensei: é isso que quero fazer! E assim, fui fazer a formação no Instituto Ecosocial pois acreditava que a visão de homem da antroposofia era a mais rica para esse desenvolvimento do "melhor que cada um pode ser".

 

Nesse caminho, também surgiu a oportunidade de atuar como professora em cursos de graduação. E como a vida sempre nos supreende quanto estamos abertos para experimentar, descobri uma nova paixão. Como dizia Paulo Freire, educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante. O mundo da educação também se mostrou como uma possibilidade de fazer algo que tem sentido e contribui para a transformação dos individuos. E atuar com jovens é inspirador, pois muitos deles ainda tem aquele "idealismo" que muitos deixam perder ao longo da vida. 

 

Como o caminho da meditação contribuiu muito no meu processo de busca de sentido, fundei um projeto chamado "Brincando de Meditar". Esse projeto tem como objetivo  resgatar a dimensão contemplativa junto a crianças por meio da prática da meditação cristã. E hoje, estou desenhando o movimento "Medite com seu Filho" que tem como propósito resgatar encontros repletos de significado na relação entre pais e filhos. E ainda, estabelecer uma relação mais saudável da criança com o tempo, com o sagrado e com a fé.

 

Nesse trajeto descobri a minha vocação, encontrei formas de unir meus talentos as necessidades do mundo. A vida me ensinou que a vocação não é algo único. Vocação é estar em contato com o caminho do coração, e assim escutar o "chamado" e colocar ele de forma prática no mundo. Vocação é olhar para dentro, encontrar o que faz sentido e colocar isso no mundo. E quem disse que quando olhamos para dentro existe apenas uma opção possível? No meu caminho,  a vocação estava ligada a exercer diversos papéis: coach, consultora, educadora, facilitadora de meditação e mãe.

 

E depois liguei os pontos!

 

E quando olho para trás e lembro dos meus 17 anos, a vontade de ajudar o outro já estava presente (pela medicina), o desejo de estar ao lado da natureza também (pela agronomia)...Mas, naquele momento, escolhi um caminho (publicidade e propaganda) pelo dinheiro. Contudo, por meio de um intenso trabalho de autoconhecimento, tive a oportunidade de me conectar novamente com a minha essência e meu propósito. E isso foi tão positivo e transformador, que hoje quero dar ao mundo aquilo que recebi.

 

Acredito que a vida é muito curta para nos dedicarmos a escolhas sem sentido; e longa o suficiente para experimentarmos escolhas que nos levam ao pleno sentido e a felicidade. Coragem! O que vale é seguirmos o caminho do coração...