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O que você quer para a sua vida em 2017?

Chegou a hora de fazer o balanço do que passou e projetar o futuro.

Bem, 2016 não foi um ano fácil! Corrupção, crise politica, crise econômica, cenário de insegurança, cortes nas organizações, demissões e por ai vai... E na sua vida? Como foi 2016? Quais sonhos foram realizados? Quais sonhos nem saíram do papel? Da sua lista de ano novo, quantos desejos foram atingidos? Qual é o saldo desse ano? Fazer uma retrospectiva do ano nos permite aprender com o passado!

Mas, a pergunta que faço é... o que você quer para a sua vida em 2017? Veja bem, perguntei para a sua vida e não para a sua carreira! Precisamos quebrar a lógica de que nosso planejamento deve ser focado apenas em metas profissionais. Ou seja, projetamos o que queremos para a nossa carreira e depois moldamos a nossa vida para isso. Será esse mesmo o caminho? Não seria algo inverso? O filósofo Mario Sérgio Cortella diz que precisamos pensar na vida e não na carreira. Devemos saber o que queremos na vida para que a carreira, que faz parte da nossa vida, nos faça sentir plenos.

Roman Krznaric, da The School of Life, diz que precisamos nos livrar da ética do trabalho duro, como herdeiros desafortunados da ética protestante. Para Roman, o que seria necessário é nos libertarmos da ética do trabalho e assim rever nossas prioridades. Em vez de pensar que nossa meta deve ser encontrar um trabalho realizador, nossa ambição pode ser buscar um trabalho que nos possibilite ter realização em nossa vida pessoal. Vale lembrar que um trabalho significativo não precisa ser aquele que consome a sua vida completamente.

Sabemos que o trabalho ganhou uma centralidade em nossa vida. Isso porque como dizia Hegel, temos uma subjetividade que sente necessidade de se objetivar no mundo. E o trabalho é uma das principais forma de concretizarmos a nossa subjetividade. Contudo, nós, enquanto sujeitos, também temos outras dimensões que compõem o nosso ser. E a plenitude da vida surge de alimentar todas essas dimensões.

O cenário atual é complexo. O ser humano sempre lutou por liberdade e segurança. O sociólogo Bauman diz que quanto mais buscamos a liberdade, acabamos abrindo mão da segurança e vice-versa. Mas, se analisarmos com profundidade, na atualidade está cada vez mais difícil encontrar tanto a liberdade quanto a segurança. Os que buscam liberdade sabem que a liberdade gera responsabilidade. Contudo, num cenário no qual nem as organizações e nem o governo oferecem uma base mínima de segurança, o fardo da responsabilidade se tornou muito grande. Por outro lado, aqueles que abriram mão da liberdade buscando um pouco mais de segurança, também não conseguem se sentir seguros num contexto de imensa instabilidade.

O que fica cada vez mais claro é que, mais do que nunca, ou nos tornamos protagonistas, ou ficamos a mercê desse cenário. Por exemplo, o tema de equilíbrio entre vida pessoal e profissional é algo recorrente dentro dos atendimentos de coaching. Precisamos entender que essa mudança não surgirá por parte das organizações. As organizações incentivam o arquétipo do guerreiro corporativo, aquele profissional que trabalha duro, que fica até tarde, que abre mão dos finais de semana para realizar entregas e por ai vai. Como Nigel Marsh diz, horário flexível, sexta-feira casual mascaram e criam uma falsa sensação de liberdade. Então, temos que reconhecer a realidade que vivemos para não idealizarmos. Marsch diz que precisamos encarar a verdade de que governos e corporações não vão resolver este problema por nós. Devemos parar de procurar do lado de fora; cabe a nós como indivíduos ter controle e responsabilidade pelo tipo de vida que queremos levar. Talvez, a mudança individual proporcionará mudanças maiores.

Então, na hora de projetar o seu 2017, vale a pena considerar alguns pontos:

  • Qual a sua definição de sucesso? O que você busca? O que você quer para sua vida? Vale lembrar que enquanto existe um caminho ligado a ganhar mais dinheiro e adquirir coisas, também existe um que busca uma vida bem vivida. E ai já surge um movimento de resgate da simplicidade. O naturalista David Thoreau em Walden dizia que um homem é rico na proporção das coisas que ele é capaz de deixar de lado. No cenário atual, precisamos desenvolver a arte da eliminação do desnecessário. Nigel Marsh mostra que a “realidade da sociedade em que vivemos é que existem milhares e milhares de pessoas vivendo em desespero gritante mas silencioso, onde trabalham muitas duras horas em empregos que odeiam para que possam comprar coisas que não precisam para impressionar pessoas que não gostam”. Ganhar mais dinheiro ou simplificar a vida são dois caminhos válidos, porém bem diferentes. Para saber qual é mais coerente com você, busque examinar quais são seus valores pessoais.

  • Se pensarmos em equilíbrio como a dedicação do mesmo tempo para vida pessoal e profissional, isso pode nos frustrar. Cortella diz que “equilíbrio não é ficar parado. Mas ir aos extremos e não se perder”. Ou seja, algumas vezes podemos estar mais focados no trabalho, porém isso deve ser um extremo que ficamos por pouco tempo. O equilíbrio está em se manter integro entre as polaridades e não fragmentado por elas. Se precisar se dedicar intensamente a um projeto, se dedique! Mas, se precisar passar uma tarde se divertindo com seu filho, faça isso também. Se precisar trabalhar até tarde algum dia (não vários ou todos), faça isso. Porém, se precisar ficar até tarde tomando vinho com seu marido/esposa ou amigos, faça isso também. Permita-se ter excessos na vida profissional e na pessoal também. Contudo, perceba que viver só nos excessos pode ser cansativo e busque um caminho do meio. Já percebeu que seguimos uma lógica muito estranha? Na qual podemos falar para um cliente que não podemos ir numa reunião porque temos outra sem culpa alguma. Todavia, se falarmos que não podemos porque temos um compromisso pessoal, muitas vezes ficamos com uma sensação desconfortável. No geral, podemos trabalhar no sábado (deixando de lado responsabilidades com a família) e isso é visto como comprometimento, mas se faltamos na segunda para um compromisso familiar isso é visto como desinteresse. Numa época em que a vida profissional adentrou na vida pessoal, é preciso restabelecer limites. Aprenda a distinguir entre o que é urgente e o que é importante. E quando o equilíbrio não for possível, talvez seja a hora de mudar as escolhas. Por exemplo, o estilo de vida que projetei para mim não comportava a vida dentro de uma organização com o horário das 08:00 às 17:00. Então, tive que me reinventar para buscar um estilo de vida que contemplasse meus desejos profissionais e pessoais. Hoje, isso é possível, mas atuo com carreiras paralelas: sócia de uma consultoria, coaching e professora na universidade. Então, muitas vezes, temos que quebrar alguns paradigmas de carreira. Mesmo assim, tenho que me policiar e rever limites buscando esse equilibrio.

  • Quando fizer a retrospectiva de 2016 tente entender porque não se dedicou a certas atividades. É importante encontrar sentido no que fazemos. Será que foi falta de vontade ou falta de sentido? (falta de sentido pode gerar falta de vontade)

  • Para 2017 lembre-se que, assim como a natureza, nós também precisamos respeitar alguns ciclos. Você precisará de um período de inverno, para ficar mais quieto, reflexivo e interiorizado. Você precisará de um período de primavera para plantar novos projetos. Terá um tempo de trabalho mais árduo, de maior movimento, como no verão. E por fim, você precisará deixar algumas folhas caírem, abrir mão de alguns projetos para que novos possam entrar. Ou, simplesmente para que sua árvore não fique pesada demais.

  • Tente quebrar o ciclo no qual fomos condicionados em que nos dedicamos ao trabalho até a exaustão, depois temos um período de descanso e reflexão. É preciso dar espaço para a pausa diária.

  • Invista tempo para encontrar o propósito da sua vida.

  • Lembre-se de que quando você não escolhe, a vida escolhe por você.

  • Muitas vezes ficamos com os sonhos e um plano de ação apenas na nossa cabeça. Encontre alguém para te ajudar e apoiar nesse processo. Pode ser um amigo, um mentor, um coach.

E por fim, recomendo que assistam esse vídeo da palestra do Nigel Marsh no TED sobre como fazer o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional funcionar:

É isso ai!

Desejo um 2017 impulsionado pelo o que você realmente quer na vida e equilibrado.

Obs: Esse texto é pra mim também! Não é algo na linha do “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Isso porque o primeiro passo para a mudança é a tomada de consciência. Essa reflexão surge dessa tomada de consciência.

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